A real chance de Messi deixar o Barcelona: dinheiro ou o coração?
Lionel Messi jogou a vida inteira pelo Barcelona. Quando menino, em Rosário, seu coração batia mais forte pelo Newell’s Old Boys, um dos dois grandes clubes da terceira maior cidade Argentina. Contudo, ele rumou para a Espanha ainda pré-adolescente, começou sua trajetória real no futebol na Catalunha, e virou maior jogador da história do time que representa a região. Quem olha para o craque, o imagina de blaugrana desde o berço.
Difícil imaginar aquele pequeno homem correndo e fazendo mágica em campo com uma camisa que não seja a do Barça ou da seleção de seu país. Foram tantos gols, cerca de 740 oficialmente registrados; incontáveis jogadas geniais, vitórias, títulos. E fãs! Quantos torcedores pelo mundo se tornaram barcelonistas por causa dele? Ver Messi em outro clube seria definitivamente algo estranho. Muito estranho.
Mas isso pode acontecer. Cresceram em importância os jogos derradeiros válidos pelo campeonato espanhol. Não apenas porque o Barcelona está novamente vivo na luta por um título que parecia se encaminhar para o Atlético de Madrid. Mas também, e principalmente, porque essas poderão ser as últimas partidas do camisa 10 pelo clube. Possíveis momentos históricos que passam diante dos nossos olhos. E que, provavelmente, serão eternamente lembrados porque Messi parece estar de saída. Será?
A imprensa catalã está em polvorosa. Não são raros os textos, artigos, crônicas, matérias sobre o assunto, quase sempre com um viés positivo pela ótica blaugrana: Messi estaria disposto a ficar. A jogar pelo Barça até o final de sua trajetória profissional, pelo menos nos mais alto nível, ou seja, no futebol europeu. O coração falaria mais alto, ele diria ao povo da Catalunha que fica e todos seguiriam felizes, principalmente se o time ganhar o campeonato que se aproxima do fim.
Encontro entre Jorge Messi e Joan Laporta
Nos últimos dias de abri o noticiário por lá era de que um encontro inibiam teria ocorrido, entre o pai do atleta, Jorge, que negocia pelo filho; e o presidente da agremiação culé, Joan Laporta. O canal TV3 chegou a afirmar que o dirigente sugerira mitificações nas bases contratuais, visando a renovação do compromisso. Contudo, o mesmo veículo acrescentou que o diálogo ocorrera durante um almoço e os participantes não teriam falado sobre cifras. Pra, se não abordaram o aspecto financeiro, de que maneira se debateu bases da possível extensão contratual? Contraditório.
E com tanta agenda positiva da mídia catalã, não é muito difícil desconfiar de que a história pode ser outra, bem diferente do que vendem para a ansiosa torcida do Barcelona, que já viu o Paris Saint-Germain lhe tirar Neymar por € 222 milhões (o maior valor já pago por um atleta da modalidade) e pode ver Messi seguir o mesmo caminho. E sem que receba um euro por isso.
Tudo porque o contrato de Messi está por se encerrar com o término da atual temporada. E seria ainda mais complicado se o Manchester City ainda estivesse no páreo de onde disse sair há algumas semanas, após longo período especulativo no qual falava-se sobre o reencontro do craque com o técnico Pepe Guardiola na mais badalada e disputada liga do planeta, a Premier League.
Joan Laporta, de volta à presidência do Barcelona, cargo que ocupou entre 2003 e 2010, período de conquistas e do surgimento de Messi, teria sugerido ao craque que seja “generoso”. O jogador estaria disposto a atuar por mais duas temporadas no clube onde surgiu, para depois encarnar o papel de embaixador barcelonista nos Estados Unidos e então ocupar novas funções na agremiação.
Tudo seria lindo e simples se os catalães não estivessem mergulhados em problemas financeiros e sem concorrência, algo que, apesar do afastamento do Manchester City do leilão, persiste, também com dinheiro do Oriente Médio. Em suma, Laporta, que aposta no seu bom entendimento com o jogador em nome dos velhos e bons tempos, precisará de argumentos emocionais para convencê-lo a permanecer onde está.
Concorrente do Barcelona, o PSG não tem problemas financeiros e já conta com time competitivo
Fato é que o PSG recebe injeções financeiras do Catar. Muito dinheiro que entra no clube como se existisse um duto por onde jorraram zilhões de euros. O Barça, por sua vez, está atolado em dívidas, dependendo de novas receitas e com um currículo sofrível de observações de mercado, algo que resultou em contratações mal sucedidas é caríssimas. Além disso, o clube catalão também está à espera do resultado de uma auditoria.
De que maneira o Barcelona poderia acenar com uma proposta realmente atraente, tanto pelo aspecto financeiro como pelo lado técnico?
Em campo o time não tem sido tão competitivo no âmbito europeu, tanto que foi eliminado da Liga dos Campeões tomando históricas viradas de Roma e Liverpool, além de cair na edição 2020/2021 justamente para o PSG, com uma derrota por 4 a 1 em pleno Camp Nou, sem Neymar em ação.
Em janeiro o clube catalão divulgou sua dívida. Está sentado? Então saiba que naquele momento ela já estava na casa dos 1,130 bilhões de euros (o que representa aproximadamente R$ 7,35 bilhões).
Importante: 730 milhões de euros (ou perto de R$ 4,88 bilhões) são de curto prazo. Como equacionar esses problemas econômicos, pagar bem a Messi e reforçar o elenco para que ele atue em equipe competitiva nos seus últimos anos?
Por outro lado, o o deseja e não tem problemas com dinheiro, estaria acenando com um contrato válido por duas temporadas, podendo se estendido por mais uma, se o atleta desejar. E os valores seriam altíssimos, algo que o atual clube do argentino não teria condições de sequer se aproximar. E quanto ao time, trata-se do atual vice-campeão europeu e semifinalista da Champions League 2020/2021, em suma, já tem time forte. Fica claro que a chance do Barcelona de seguir com Messi passa pelo lado emocional.
Ex-companheiro de Messi no time nome histórico do Barça, Xavi deu entrevista à TV catalã e disso sentir-se mal pelo fato de o clube não ter aproveitado a presença do genial jogador para ganhar mais títulos nos últimos anos.
“Se Messi não estiver feliz, o Barcelona jogará mal. Tudo deve ser feito para deixar o Messi feliz, já que ele é o melhor jogador da história”,
disse Xavi.
Fora da briga para tê-lo, Pep Guardiola, barcelonista até a medula, foi na mesma direção:
“Tomara que termine a carreira no Barcelona. Messi não encontrará melhor ambiente que o do Barça. Como dizia nosso querido maestro Cruyff, o único que deve ser feito é olhar para as origens, resgatar o porquê das coisas, o que faz o Barça ser especial em muitas coisas da forma de jogar”,
disse o técnico do Manchester City.
A bola está com o camisa 10. E então, Messi, vais seguir o caminho do dinheiro e das maiores perspectivas de vitória, ou o coração?
Ótimo texto, Mauro.