Euro é uma “Copa do Mundo” sem Brasil e Argentina
É uma espécie de “Copa do Mundo sem Brasil e Argentina“. A Eurocopa reúne a maioria das seleções mais importantes do futebol numa competição continental vista pelo planeta inteiro e que atrai as atenções não por acaso: quatro diferentes seleções europeias venceram os quatro últimos mundiais, Itália 2006, Espanha 2010, Alemanha 2014 e França 2018.
Trata-se de um momento de domínio da Europa, o que faz de tal certame algo ainda mais valorizado, por isso o paralelo da competição promovida pela Uefa com a Copa do Mundo da Fifa, só que sem as duas seleções mais importantes fora as europeias, no caso argentinos e brasileiros. Adiada por um ano pela pandemia do novo coronavírus, a Euro vai começar, enfim.
Um formato diferente passa a ser adotado, com sedes em diferentes países e um desafio mais amplo na logística, o que parece inadequado em tempos pandêmicos, independentemente de algumas alterações de sedes ocorridas. O fato de o torneio adquirir essa categoria itinerante poderá ter impacto técnico, obviamente ainda desconhecido de todos.
A Eurocopa 2021 tem o seu “grupo da morte”, o F, que reúne o atual campeão, Portugal, com as duas últimas seleções que venceram o Mundial, Alemanha e França. Completa a chave a Hungria. O sorteio que distribuiu as equipes foi realizado antes de a pandemia aparecer. Serão seis grupos de quatro seleções cada, avançam dois primeiros de cada e os quatro melhores terceiros.
Ou seja, de 24 apenas oito serão eliminados nesta fase. Fica evidente um certo inchaço na competição, e o grupo mais pesado, acima citado, por ter suas três maiores forças se classificando, com os húngaros em último. Pelo menos em tese esse seria o cenário mais provável diante do regulamento e do nível das equipes envolvidas.
O grupo A terá a Itália, que não esteve no Mundial da Rússia; País de Gales, Suíça e Turquia, com jogos em Roma, capital italiana, e Baku, no Azerbaijão, cidades separadas por mais de 4,5 mil quilômetros. No grupo B estão Bélgica, Dinamarca, Finlândia e Rússia, com partidas programadas para Copenhagen, na Dinamarca, e São Petersburgo, na Rússia, que têm aproximadamente 1,5 mil quilômetros entre elas.
No grupo C estão Áustria, Holanda, Macedônia do Norte e Ucrânia. Os cotejos se realizarão em Bucareste, na Romênia, e Amsterdã, na Holanda, a mais de 2,2 mil quilômetros de distância. No grupo D, Croácia, Escócia, Inglaterra e República Tcheca, com dois representantes do Reino Unido e jogos em Londres, capital inglesa, e Glasgow, maior cidade escocesa, separadas por cerca de 650 quilômetros.
Eslováquia, Espanha, Polônia e Suécia formarão o grupo E, com jogos marcados para Sevilha, na Espanha, e São Petersburgo, na Rússia, que têm mais de 4,5 mil quilômetros a separá-las. Os jogos do F, o “da morte“, serão em Budapeste, na Hungria, e Munique, na Alemanha. Entre as duas cidades, aproximadamente 650 quilômetros.
Eurocopa 2021 terá diversas sedes espalhadas por vários países e a final em Londres
O torneio começará no dia 11 de junho de 2021, quando Turquia e Itália farão a primeira partida no Estádio Olímpico de Roma. Já a final será no Estádio de Wembley, em Londres, em 11 de julho, ou seja, exatamente um mês depois. Antes, a Uefa trocou duas sedes, Bilbao deu lugar a Sevilla, com o Estádio Olímpico de La Cartuja entrando no certame.
Já Dublin perdeu a condição de cidade-sede com os jogos que estavam marcados para a Irlanda sendo transferidos para São Petersburgo, na Rússia, e Londres, na Inglaterra. É curioso que em meio à pandemia a Uefa não tenha recuado e definido a realização da Eurocopa em um só país, reduzindo a circulação de pessoas por milhares de quilômetros durante um mês.
Todas as 11 sedes da competição vão receber torcedores, mas não a capacidade máxima dos estádios. É esperado para a final em Wembley o maior público da competição, cerca de 45 mil pessoas, o que seria 50% da capacidade do estádio londrino, que já recebeu jogos com público na final da Copa da Inglaterra, entre Leicester, campeão, e Chelsea, em maio, por exemplo.
Entre as seleções, há expectativa quanto ao desempenho da Holanda, que não esteve na Copa do Mundo de 2018. Comandada por Frank de Boer, que não terá o melhor zagueiro do mundo, Virgil van Dijk. O jogador do Liverpool perdeu praticamente toda a temporada devido a uma em outubro diante do Everton. Ele comunicou há semanas que não disputará a Eurocopa, priorizando sua recuperação física.
Já a Espanha, campeã em 2008, não terá outro grande jogador de defesa, Sergio Ramos, que vem duelando com problemas físicos no Real Madrid. A novidade no setor será Aymeric Laporte, do Manchester City, que foi autorizado a defender a seleção espanhola. Com a opção do atleta, a França perdeu uma bela opção para a zaga, já que ele nasceu em solo francês e tem dupla cidadania.
Por outro lado, o técnico Didier Deschamps ganhou um enorme reforço com a volta de Karim Benzema para os “Bleus“. Após a saída de Cristiano Ronaldo para a Juventus, em 2018, ele assumiu protagonismo no Real Madrid, saltando em número de gols. Se foram 19 na temporada 2016/2017 e 12 em 2017/2018 o camisa 9 assinalou 30, 27 e 29 tentos, respectivamente, nas três temporadas subsequentes.
Benzema foi afastado da seleção francesa em 2015 após um escândalo que envolveu Mathieu Valbuena, então colega de seleção e que fora vítima de chantagem feira por um amigo de infância do centroavante do Real Madrid. Em seguida, Benzema deu entrevista na qual disse que o técnico cedera a “uma parte racista do país” ao sacá-lo. Só agora voltaram a se falar. O ganho técnico será óbvio com o fim da polêmica.
Já a Alemanha terá nesta Eurocopa a despedida de Joachim Löw, já que Hansi Flick, ex-Bayern Munique, o substituirá após a Euro. Thomas Müller e Mats Hummels estarão em ação pela Mannschaft, em uma espécie de tentativa germânica de remontar o que for possível do time que ganhou o Mundial de 2014 no Brasil, com direito aos históricos 7 a 1 sobre os anfitriões.
Löw deixará o selecionado alemão após 15 anos e tem a imagem arranhada pelos fracassos posteriores à conquista da Copa do Mundo. Seu time não atuou tão bem na Eurocopa 2016, embora tenha ido à semifinal. Já em 2018, caiu logo na fase de grupos do Mundial realizado na Rússia. Além disso só não foi rebaixado na Liga das Nações graças a uma reformulação feita no torneio europeu de seleções.
Belgas tentam recuperar craques e Portugal parece mais forte do que em 2016
Sensação na Copa 2018, quando eliminou o Brasil, a Bélgica chega com um time maduro e competitivo, contando com um craque em plena forma: Kevin de Bruyne, dependendo de recuperação da lesão sofrida na final da Liga dos Campeões; além de um centroavante entre os melhores do mundo, Romelu Lukaku. Tem ainda a segurança do goleiro Thibaut Courtois, zagueiros em forma ou em queda, como:
- Jan Vertonghen
- Toby Alderweireld
- e Jason Denayer.
Contudo, seu mais hábil e desequilibrante jogador, Eden Hazard, destaque na Copa da Rússia, fez pífia temporada no Real Madrid, fora de forma e envolvido em contusões. Quando escalado diante do Chelsea na Liga dos Campeões nada fez e o time espanhol foi eliminado. Os Diabos Vermelhos somaram 22 vitórias em 27 compromissos, derrotados apenas por Suíça e Inglaterra em longo período.
Atual campeã, a seleção de Portugal parece mais forte do que em 2016, mesmo com seu astro já bem veterano e vindo de temporada não muito brilhante em relação a outros momentos de sua carreira. Mas ele ainda é Cristiano Ronaldo, acompanhado por atletas como o ótimo zagueiro Rúben Dias, eleito o melhor jogador da Premier League na campanha do campeão Manchester City, onde João Cancelo também fez bela temporada.
Bruno Fernandes virou principal jogador do Manchester United, como Bernardo Silva se saiu bem pelo City, enquanto Diogo Jota se encaixou imediatamente no ataque do Liverpool assim que incorporado ao elenco de Jurgen Klopp. Há ainda André Silva e João Félix entre as boas opções, com a segurança e experiência de Rui Patrício, firme na meta do bom Wolverhampton.
Fora da Copa do Mundo de 2018, a Itália se reconstrói. O zagueiro brasileiro da Atalanta Rafael Tolói, ex-São Paulo e Goiás, representará a Azzurra. Aos 30 anos, com passagens por seleções de base do Brasil, ele se naturalizou para defender o país onde vive desde 2014. E ele não é o único brasileiro naturalizado na seleção italiana. Há, ainda, Emerson Palmieri, lateral do Chelsea. E poderia haver mais um, Jorginho, do Chelsea, fora da lista.
Depois da boa campanha em 2018, a Inglaterra sonha com seu primeiro título europeu, ainda mais fazendo a final em casa, caso chegue até lá. O técnico Gareth Southgate apostar na recuperação de jogadores importantes e lesionados, como Harry Maguire, do Manchester United, e Jordan Henderson, do Liverpool, há mais de três meses sem atuar após cirurgia.
Jovens como Mason Mount, do Chelsea, e Phil Foden, do Manchester City, ampliam as esperanças tendo à frente deles o atacante Harry Kane, de 28 anos, capitão da seleção inglesa e artilheiro da Premier League (23 gols) e líder de assistências, com 13. Resta saber se os ingleses desta vez superarão seis fantasmas para enfim corresponderam às expectativas.
Jovens como Mason Mount, do Chelsea, e Phil Foden, do Manchester City, ampliam as esperanças tendo à frente deles o atacante Harry Kane, de 28 anos, capitão da seleção inglesa e artilheiro da Premier League (23 gols) e líder de assistências, com 13. Resta saber se os ingleses desta vez superarão seis fantasmas para enfim corresponderam às expectativas.