Mbappé e Haaland como candidatos a herdeiros de Messi e CR7
Atacantes costumam ser os mais valiosos no futebol. Suas multas rescisórias são mais altas, os salários também, assim como o espaço na mídia e no coração dos fãs. E não é difícil entender os motivos, afinal, são eles que marcam a maioria dos gols importantes, consequentemente comemoram com a torcida, e aparecem, destacados, ao vivo, in loco, como também em fotos e vídeos, celebrando os momentos de triunfo.
Não por acaso o prêmio de melhor do mundo é quase uma exclusividade dos homens que atuam lá na frente. Nas últimos 20 edições, apenas um jogador atuava longe da área adversária, Canavaro, zagueiro italiano que teve a temporada turbinada pelo título da Copa do Mundo em 2006 e acabou levando a melhor. Algo raro, raríssimo. Tanto que depois ninguém que atuasse do meio para trás chegou perto de tal feito.
É verdade que Zidane (vencedor em 1998, 2000 e 2003) foi meio-campista, como Luís Figo (2001) e Luka Modric (2018) ainda é. Mas no caso falamos sobre meias ofensivos, que atuavam perto dos atacantes, em parceria com eles, servindo-os, fazendo seus nomes. Sem falar no enorme talento dos três. Fato, quem atua longe do gol oponente tem chances meramente teóricas de conseguir sucesso nesse tipo de investida.
Claro, o prêmio de melhor da temporada não é tudo, ganhar títulos por seus clubes e seleções deve ser a prioridade de todo o jogador de futebol, mas o evento serve como um termômetro, ele mede a popularidade dos atletas, deixa claro que seus nomes são fácil e rapidamente lembrados. Isso explica as expressivas votações dos atacantes, dos homens que trabalham construindo jogadas que se transformam em gols.
Kylian Mbappé e Erling Braut Haaland
Na nova geração, dois nomes se destacam por tal característica:
- Kylian Mbappé
- Erling Braut Haaland.
O impetuoso atacante do Paris Saint Germain já tem no currículo até a Copa do Mundo, conquistada pela França há quase três anos. E como titular, destaque, arma vital no sistema de jogo adotado por Didier Deschamps, técnico que apostou nas jogadas de velocidade, claro, contando com seu prodígio lá na frente.
Norueguês nascido na Inglaterra, Haaland defende o selecionado do país nórdico, o que significa menores possibilidades de repetir o feito de Mbappé em Mundiais de futebol, já que a Noruega passa longe de ter um dos selecionados mais competitivos. Contudo, jogando em meio a atletas de outras nacionalidades, ele demonstra, a cada partida, o quão demolidor (já) é. E poderá ser ainda mais.
Se nos primeiros momentos nos quais se destacou Haaland parecia um mero finalizador, um centroavante grande, de bom posicionamento e frio na hora de arrematar, aos poucos ele vem mostrando outros predicados. Trata-se, inegavelmente, de um camisa 9 que reúne força e velocidade, lucidez na colocação em campo e no trabalho coletivo, passando a bola aos companheiros e se colocando em condições de recebê-la.
Mbappé nasceu em 20 de dezembro de 1998. Isso significa que ele só fez 20 anos depois de ganhar a Copa 2018. Haaland é de 21 de julho de 2000, ou seja, tem aproximadamente a idade do francês quando do Mundial disputado na Rússia. São jovens, talentosos, decisivos e com muito tempo para um grande desenvolvimento como atletas, jogadores de futebol, como homens que resolvem partidas.
Com 18 gols em 24 jogos, média de 0,75, Mbappé é o principal artilheiro do campeonato francês. Estão bem atrás dele nomes como:
- Memphis Depay, do Lyon, com 14;
- a dupla Volland/Ben Yedder, do Monaco, ambos com 13 tentos;
- Neymar, apenas seis.
O número modesto do brasileiro tem explicação. Às voltas com lesões, ele fez apenas 11 partidas na Ligue 1 2020/2021.
Protagonista no papel que seria de Neymar
A situação vivida pelo mais caro jogador da equipe mais rica da França tem feito com que Mbappé assumisse o papel de protagonista em importantes momentos, papel que seria de Neymar. Como nos confrontos com o Barcelona, eliminado pelo PSG da Liga dos Campeões com uma derrota acachapante na Catalunha (4 a 1 com três gols dele) e um empate (1 a 1) em Paris (mais uma vez o jovem atacante foi às redes).
Na Bundesliga, Haaland não lidera a artilharia por dois motivos:
- seu time, o Borussia Dortmund, não faz boa campanha
- e o rival na luta pela primeira posição entre os goleadores atua em uma equipe bem mais forte.
Pelo Bayern Munique, Robert Lewandowski, polonês que ganhou o prêmio de melhor do mundo, superando Messi e Cristiano Ronaldo em 2020; soma 32 tentos, 13 a mais do que o norueguês.
Para dar uma ideia, o líder Bayern soma 74 gols no campeonato alemão contra 52 do Dortmund, quinto colocado, 16 pontos atrás. Fica mais fácil entender porque Haaland não consegue acompanhar Lewa, 12 anos mais velho e que antes vestiu justamente a mesma camisa do Borussia. O mercado internacional anseia saber, inclusive, onde o jovem norueguês irá marcar seus gols quando for negociado, algo inevitável.
Haaland chegou recentemente aos 100 gols na carreira. Para isso, precisou de 146 jogos, enquanto:
- Neymar necessitou de 173
- Mbappé 180,
- Messi 214
- Ibrahimovic 245
- Cristiano Ronaldo necessitou de 298 partidas para acumular uma centena de tentos.
Impressionante! Quer mais? O norueguês chegou aos 20 na Champions League em 14 aparições, Mbappé em 39 e Messi 40 e CR7 56.
Depois que Kaká foi escolhido o melhor jogador de futebol do planeta, no já longínquo ano de 2007:
- Lionel Messi, seis vezes
- Cristiano Ronaldo, cinco, levaram tal troféu em 11 das 13 edições seguintes.
Apenas Modric e Lewandowski quebraram o ciclo que se aproxima do fim, afinal, o argentino fará 34 anos em 24 de junho e o português chegou aos 36 em 5 de fevereiro. O final de suas estupendas carreiras se aproxima.
Neymar era o nome mais provável para suceder a dupla como grande protagonista do futebol mundial, mas oportunidades foram desperdiçadas. Ele já terá quase 31 de idade na Copa do Mundo de 2022, no Catar; e a dupla Mbappé, já com o titulo mundial que o brasileiro não possui; e Haaland ainda têm muita estrada pela frente. São, de fato, os nomes que se destacam de forma acentuada.
Mesmo que o camisa 10 da seleção do Brasil e do PSG reaja e faça grandes temporadas até o dia no qual pendurar as chuteiras, os dois jovens atacantes ainda terão muito mais tempo para mostrar do que serão capazes nos gramados. A sensação, cada vez mais forte, é de que a coroa compartilhada por Messi e Cristiano poderá até passar por Neymar, mas os concorrentes estão lá, prontos para toma-la.